EDNA D'OLIVEIRA

A música é a minha vida

08 agosto, 2006

Recital em família encanta o público paraense

Um musical em família. Assim pode ser encontro do trio formado pelas irmãs Edinéia (mezzo-soprano) e Edna D’Oliveira (soprano), esta última casada com José Gallisa (baixo), que aconteceu nesta segunda-feira (07), no Theatro da Paz, pelo V Festival de Ópera. Como era de se esperar, o trio foi muito aplaudido, principalmente Edinéia, já conhecida do público paraense pela forte participação em Bug Jargal e, mais recentemente, na ópera Iara – que tem sua última apresentação nesta terça-feira (08). Os cantores, que vieram de Minas Gerais, foram acompanhados pela pianista paraense Ana Maria Adade.

“É um privilégio poder me apresentar ao lado dos meus familiares, além do que não existe nada melhor do que a receptividade do público. Para um artista esse é o maior presente e o paraense é um dos mais especiais nesse sentido”, afirmou Edinéia D’Oliveira. A mezzo-soprano, sem dúvidas a mais aplaudida da noite, começou a primeira parte com a graciosa “Dengues da Mulata Desinteressada”, com seqüência para a bela “Romancello” – uma homenagem ao nosso paraense Altino Pimenta – e encerrou com uma interpretação dramática e impressionante de “Les Berceaux”, de Gabriel Fauré.

Os pontos altos da apresentação da irmã, Edna D’Oliveira, ficaram por conta das canções “Gretchen am Spinrade”, de Schubert, “Melodia Sentimental”, de Villa-Lobos, e, principalmente da tradução de “Mein herr Marquis”, da opereta bufa “O Morcego”, onde uma empregada é pega numa festa com o vestido da patroa e precisa mostrar seus dotes de cantora para convencer a corte que era uma dama. “Foi um dos melhores momentos da noite. A tradução em nenhum momento prejudicou a qualidade da ária, que talvez seja uma das mais engraçadas da peça do Strauss”, disse o estudante de Direito, Daniel Ventura. Edna encarnou a personagem na sua tragicomédia tanto na voz quanto na expressão da empregada esperta e ganhou suspiros e muitos aplausos da platéia. “É até assustador. Parecia que a qualquer momento o público ia botar o Theatro abaixo. Eles são muito especiais”, comentou.

Esta foi a primeira vez que a soprano se apresentou em Belém. “É uma honra pra mim e também uma delícia poder cantar em família”, afirmou. Ela comentou ainda que é tão divertido estar com os familiares no palco, que até a hora de escolher o programa é uma festa. “Às vezes nos escolhemos as músicas em um jantar especial, em casa, com um bom vinho e uma massa italiana”, concluiu.

Já o baixo José Gallisa teve bons momentos nas canções “Ich Grolle Nicht”, de Schumman, e “Per Questa Bella Mano”, de Mozart. Mas o melhor da sua performance foi com as árias “La Calunia”, da ópera “O Barbeiro de Sevilha”, as de “Porgy and Bess”, de George Gershwin. A noite teve direito ainda aos duetos de Edinéia e Edna em “In der Nacht”, de Schumman, e o encerramento em grande estilo com “I Got Plenty”, da ópera Porgy and Bess, interpretada pelo trio. Para ficar na memória de Belém.

Iara - Já em clima de despedida (e nostalgia), o V Festival de Ópera apresenta a última récita de 'Iara', do paraense Gama Malcher. Toda a magia e oencantamento de uma das mais conhecidas lendas da Amazônia será apresentada nesta terça-feira (08), às 20h.

Na ópera, um ribeirinho chamado Begiuchira se apaixona por Iara após ouvir o seu canto. Ele é alertado por sua mãe Sachena e seu amigo Ubira, sobre os perigos deste ser lendário, mas não lhes dá ouvido e cede aos encantos da divindade. 'Iara' é a segunda ópera de Malcher e também a segunda obra do compositor paraense a ser apresentada no Festival de Ópera. No ano passado, o Festival fez a estréia de 'Bug Jargal', obtendo um enorme êxito de público e crítica.

Com regência de Roberto Duarte e direção cênica de Cleber Papa, 'Iara' traz no elenco 50 cantores do Coro Lírico Marina Monarcha (preparado pelo maestro Vanildo Monteiro), 11 bailarinos da Cia. de Dança Ana Unger (com coreografia de Ana Unger) e 52 músicos da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz.

A programação do V Festival de Ópera destaca ainda a ópera 'Mozart e Salieri', que será apresentada no dia 19 por um trio de artistas russos, e 'Rigoletto', de Verdi, que terá três récitas, nos dias 31 de agosto, 2 e 4 de setembro. Na próxima segunda-feira (07), o festival apresentará um recital de árias e canções com três cantores brasileiros - Edna D'Oliveira, Edinéia de Oliveira e José Gallisa -, que serão acompanhados pela pianista Ana Maria Adade. Todos os espetáculos começam às 20h e os ingressos encontram-se à venda na bilheteria do teatro.

Fotos: Elza Lima