Recital em família encanta o público paraense
“É um privilégio poder me apresentar ao lado dos meus familiares, além do que não existe nada melhor do que a receptividade do público. Para um artista esse é o maior presente e o paraense é um dos mais especiais nesse sentido”, afirmou Edinéia D’Oliveira. A mezzo-soprano, sem dúvidas a mais aplaudida da noite, começou a primeira parte com a graciosa “Dengues da Mulata Desinteressada”, com seqüência para a bela “Romancello” – uma homenagem ao nosso paraense Altino Pimenta – e encerrou com uma interpretação dramática e impressionante de “Les Berceaux”, de Gabriel Fauré.
Os pontos altos da apresentação da irmã, Edna D’Oliveira, ficaram por conta das canções “Gretchen am Spinrade”, de Schubert, “Melodia Sentimental”, de Villa-Lobos, e, principalmente da tradução de “Mein herr Marquis”, da opereta bufa “O Morcego”, onde uma empregada é pega numa festa com o vestido da patroa e precisa mostrar seus dotes de cantora para convencer a corte que era uma dama. “Foi um dos melhores momentos da noite. A tradução em nenhum momento prejudicou a qualidade da ária, que talvez seja uma das mais engraçadas da peça do Strauss”, disse o estudante de Direito, Daniel Ventura. Edna encarnou a personagem na sua tragicomédia tanto na voz quanto na expressão da empregada esperta e ganhou suspiros e muitos aplausos da platéia. “É até assustador. Parecia que a qualquer momento o público ia botar o Theatro abaixo. Eles são muito especiais”, comentou.
Esta foi a primeira vez que a soprano se apresentou em Belém. “É uma honra pra mim e também uma delícia poder cantar em família”, afirmou. Ela comentou ainda que é tão divertido estar com os familiares no palco, que até a hora de escolher o programa é uma festa. “Às vezes nos escolhemos as músicas em um jantar especial, em casa, com um bom vinho e uma massa italiana”, concluiu.
Já o baixo José Gallisa teve bons momentos nas canções “Ich Grolle Nicht”, de Schumman, e “Per Questa Bella Mano”, de Mozart. Mas o melhor da sua performance foi com as árias “La Calunia”, da ópera “O Barbeiro de Sevilha”, as de “Porgy and Bess”, de George Gershwin. A noite teve direito ainda aos duetos de Edinéia e Edna em “In der Nacht”, de Schumman, e o encerramento em grande estilo com “I Got Plenty”, da ópera Porgy and Bess, interpretada pelo trio. Para ficar na memória de Belém.
Iara - Já em clima de despedida (e nostalgia), o V Festival de Ópera apresenta a última récita de 'Iara', do paraense Gama Malcher. Toda a magia e oencantamento de uma das mais conhecidas lendas da Amazônia será apresentada nesta terça-feira (08), às 20h.
Na ópera, um ribeirinho chamado Begiuchira se apaixona por Iara após ouvir o seu canto. Ele é alertado por sua mãe Sachena e seu amigo Ubira, sobre os perigos deste ser lendário, mas não lhes dá ouvido e cede aos encantos da divindade. 'Iara' é a segunda ópera de Malcher e também a segunda obra do compositor paraense a ser apresentada no Festival de Ópera. No ano passado, o Festival fez a estréia de 'Bug Jargal', obtendo um enorme êxito de público e crítica.
A programação do V Festival de Ópera destaca ainda a ópera 'Mozart e Salieri', que será apresentada no dia 19 por um trio de artistas russos, e 'Rigoletto', de Verdi, que terá três récitas, nos dias 31 de agosto, 2 e 4 de setembro. Na próxima segunda-feira (07), o festival apresentará um recital de árias e canções com três cantores brasileiros - Edna D'Oliveira, Edinéia de Oliveira e José Gallisa -, que serão acompanhados pela pianista Ana Maria Adade. Todos os espetáculos começam às 20h e os ingressos encontram-se à venda na bilheteria do teatro.
Fotos: Elza Lima
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